quarta-feira, 17 de julho de 2013

De: mim/ Para: Eu.

    É bíblico, deve-se amar o outro. Mas e quando esse "alter" é chato, é ruim, incoveniente, quando não, um safado. Pois bem, é bem verdade que o homem, como animal que é, tem instintos de autopreservação (egoístas mesmo). Ele  nasce sozinho, mas logo cedo, em sua infância, é posto numa sociabilidade. Ele é POSTO, ressalte-se. Não é característica intrínseca à sua natureza. Já daí é possível notar que, para além do seio materno, o homem é condenado a se socializar. E o faz, mas não com facilidade, não é difícil ouvir por aí aquela velha frase:"Amigos, eu conto nos dedos" ou alguém se lamentando por seus amigos o terem abandonado.A grande verdade é que o homem não suporta o outro. E aqui clamo por Pondé: "Amar seu semelhante é muito difícil; o mau-caráter acha uma saída a esse impasse amando a humanidade abstrata, fingindo-se de bom." 

   Uma pessoa não é avaliada pelas suas qualidades e sentimentos interiores, mas sim pelos seus atos. Não importa se você é o mais inteligente da sala, se você não tira as melhores notas ou se sobressai de alguma forma. São suas atitudes que irão lhe definir, nossos talentos e capacidades só são úteis porque há outros para reconhecê-los, ora, não faz sentido nenhum  um escritor dedicar horas à confecção de um livro apenas para orgulhar-se de si mesmo e deixar a obra escondida numa gaveta. Este escritor, provavelmente, irá querer, no mínimo, que outros o leiam, pois só assim terá o retorno que almeja. Ou ainda, do que adiantaria um grande atleta de futebol que só se interessa em disputar partidas amadoras?
   E são atitudes egoístas, como as descritas acima, que mais trazem bem a uma certa coletividade: quem irá se beneficiar de mais livros disponíveis à leitura do que os seus leitores? E quem irá se beneficiar dos talentos e gols marcados por um excelente atleta, do que sua equipe e seus torcedores? Porém, o contrário não se comprova: sempre que se preza antes uma coletividade do que a seus indivíduos, o que se vê são resultados frustrados e frustrantes. Pois, quem assim pensa, projeta coisas muito grandes e boas e executa coisas pequenas e ruins. Um bom exemplo é a paz mundial: não adianta você falar em paz mundial, e ser para os seus um semeador da violência. Ou então, querer salvar a todos da pobreza e da fome, mas não praticar, ao menos, um ato de caridade.

    Não é pecado pensar em si, como também não é gostar de ficar só, até porque é muito difícil encontrar pessoas interessantes, é muito difícil encontrar pessoas com quem seja prazeroso conversar mais tempo do que é normal, ou ainda aquelas com quem se converse mais de 5 minutos no telefone (exceto sua namorada), quando não impossível. A convivência é difícil, mas é só quando eu percebo que o outro é importante para mim, é que eu aprendo a ser tolerante com ele. 

    São poucas as pessoas, realmente, altruístas que prezam pelo interesse dos outros ao invés dos próprios; o certo é que a maioria das pessoas faz coisas visando interesses próprios, (mesmo os favores realizados a alguém; pois estes, na real, buscam, ao menos, uma aprovação, uma admiração, um carinho ou até um favor futuro). E, isso não é de todo ruim não saberia classificar o egoísmo como um vício ou uma virtude, sinceramente. Mas penso que é mil vezes preferível estar rodeado de pessoas egoístas do que de pessoas invejosas, pois os primeiros nunca pensariam em tomar o que é meu, já os segundos não teria tanta certeza.



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