segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Mises Brasil. 27 de Fevereiro de 2012.

Rothbard sobre os erros e acertos de Tatcher

"A saída de madame Thatcher do governo britânico se deu de maneira bastante condizente com todo o seu reinado: barulhento em termos de retórica ("a Dama de Ferro jamais renunciará"), mas ínfimo em termos de ações genuinamente concretas (a Dama de Ferro rapidamente saiu de cena).
Margaret Thatcher ascendeu estrondosamente ao posto de primeira-ministra da Grã-Bretanha em 1979 com a promessa de desestatizar a economia, implementar um livre mercado, acabar com os déficits e com a inflação monetária.  Suas realizações, no entanto, são outra história, e possuem pontos positivos e negativos.

Do lado positivo, é fato que sua retórica realmente devolveu respeitabilidade às ideias pró-livre mercado na Grã-Bretanha após meio século de crescente estatismo, e é certamente gratificante ver os estimados indivíduos do Institute of Economic Affairs em Londres se tornarem o mais reputado instituto econômico britânico.  Também deve ser creditado à era Thatcher o fato de o Partido Trabalhista ter se movido mais para a direita e ter majoritariamente abandonado suas ideias esquerdistas malucas, além do fato de a Grã-Bretanha ter decisivamente abandonado sua psicose pós-Depressão de que o desemprego jamais deve ficar acima de 1%.

Houve também um considerável volume de desestatizações e privatizações, inclusive a venda de moradias públicas para seus respectivos inquilinos, o que fez com que eleitores que tradicionalmente votavam no Partido Trabalhista se convertessem em ferrenhos proprietários eleitores do Partido Conservador.  Outro sucesso da ministra foi o de ter quebrado o até então inquebrantável poder dos poderosos sindicatos britânicos.

Infelizmente, estes pontos positivos do histórico econômico de Thatcher são mais do que contrabalançados pelo desolador fato de que o estado britânico chega ao fim da era Thatcher sendo um fardo parasítico ainda maior sobre a econômica britânica e a sociedade do que era quando ela assumiu o poder.  Por exemplo, ela jamais ousou tocar na vaca-sagrada da medicina socializada, o National Health Service.  Os déficits continuaram altos, e a inflação monetária e a inflação de preços estão atualmente em dois dígitos.  Apesar de toda retórica thatcherista em prol do monetarismo, seu sucesso no combate à inflação foi moderado e efêmero, e acabou sendo totalmente revertido já no final de seu governo: a expansão monetária, a inflação, os déficits e todo o desemprego por eles gerados estão em níveis alarmantes.  Madame Thatcher deixou o poder, após onze anos, em meio a uma infame recessão inflacionária: inflação de preços em 11% e desemprego em 9%.  Em suma, o histórico macroeconômico de Thatcher foi abismal.
Como explicar resultados tão desastrosos para um regime supostamente pró-livre mercado?  Não é difícil.  Os thatcheristas são "burkeanos" e não "leninistas de direita".  Sendo assim, em vez de uma abordagem obstinada, radical e abolicionista para se chegar à liberdade econômica, eles preferiram se entregar às glórias do gradualismo e da moderação.  Isso pôde ser comprovado logo nos primeiros anos do governo.  Em vez de uma política monetária rígida, em vez da total interrupção da expansão monetária para acabar de vez com a inflação crescente, optou-se por uma contenção monetária bem mais gradual.  E qual foi o resultado deste gradualismo na política monetária?  O gradualismo gerou uma crônica recessão, o que era inevitável, mas não foi restritivo o suficiente para acabar com a inflação ou para revigorar a economia.  Logo, teve-se o pior dos mundos: recessão, desemprego e inflação de preços.  E tal cenário perdurou até aproximadamente 1985, quando estes indicadores melhoraram.  Mas o bom momento, obviamente, gerou novos afrouxamentos na política monetária, de modo que, já em 1990, todos eles estavam novamente tão ruins quanto no início do governo.

Houve realmente uma redução nas alíquotas mais altas do imposto de renda, mas isto foi imediatamente mais do que compensado por um aumento ainda maior no VAT (imposto sobre o valor agregado, essencialmente um imposto sobre vendas).  Desta maneira, os pequenos ganhos obtidos pelos grupos de mais alta renda foram mais do que contrabalançados por um aumento do fardo sobre os pobres e a classe média.  Se os esquerdistas quisessem inventar um bicho-papão de direita, eles dificilmente fariam um trabalho mais exitoso e com resultados mais desastrosos para a causa da liberdade econômica.
Para coroar tudo, não nos esqueçamos de sua monumental e decisiva gafe: substituir os impostos municipais sobre propriedade por um imposto único e de igual valor por pessoa (o chamado "poll tax").  Na Inglaterra, o governo central possui autoridade sobre os governos municipais, muitos dos quais são administrados por trabalhistas esquerdistas fanáticos por gastanças.  Este imposto único por pessoa, que substituiria os impostos municipais sobre propriedade, foi criado com a intenção de reprimir a gastança descontrolada dos governos locais.

Porém, em vez de reduzir drasticamente o volume de tributação imposta pelos municípios, algo sobre o qual Thatcher tinha total autoridade, ela simplesmente não impôs limite algum, e deixou que os gastos e demais impostos municipais ficassem a cargo das assembléias municipais.  Logo, aconteceu exatamente aquilo que poderia ter sido previsto de antemão: estas assembléias, Trabalhistas e Conservadoras, agora sem as receitas do imposto sobre propriedade, elevaram seus outros impostos substancialmente, de modo que o cidadão britânico comum se viu obrigado a pagar aproximadamente um terço a mais em impostos.  Enquanto os governos locais aumentavam seus gastos e seus impostos, o imposto único seguiu mordendo furiosamente a renda dos pobres e da classe média.  Ato contínuo, e como era de se esperar, os governos locais simplesmente, e de maneira muito efetiva, jogaram a culpa pelos altos impostos sobre o governo Thatcher.  Não é de se surpreender que tenham ocorrido violentos protestos nas ruas de Londres em março de 1990.  O que é realmente intrigante é que as manifestações não tenham sido muito severas.
Ademais, em meio a todas estas manobras, os thatcheristas se esqueceram de um ponto essencial a respeito do imposto único por cabeça: para ele ser implantado, todos os outros impostos têm de ser drasticamente reduzidos, de modo que até o mais pobre dos mais pobres possa pagá-los.  Suponha, por exemplo, que nossos atuais impostos federais fossem repentinamente unificados sob a forma de um imposto único por cabeça, mas de modo a manter a mesma receita de antes.  Isso significaria que o cidadão médio, e particularmente o cidadão de baixa renda, repentinamente teria de pagar uma quantia enormemente maior de impostos por ano — aproximadamente $5.000.  Logo, o grande charme da tributação única por cabeça é que ela necessariamente forçaria o governo a reduzir drasticamente seus níveis de tributação e de gastos.  Assim, se o governo instituísse, por exemplo, um imposto universal e igual de $10 por ano, confinando suas receitas totais à magnífica soma de $2 bilhões anuais, todos nós viveríamos perfeitamente bem com este novo imposto.

Agora, implantar o imposto único por cabeça no lugar do antigo imposto sobre propriedade, e permitir que ele seja elevado, é uma insanidade política e econômica, e Madame Thatcher recebeu a punição adequada por este erro egrégio.

Por que então o governo Thatcher, ao implantar seu imposto único, não decretou que os governos municipais reduzissem drasticamente suas alíquotas de impostos para cada cidadão?  Se fizesse isso, as massas certamente teriam recebido com prazer o imposto único em vez de tê-lo combatido vigorosamente.  A resposta thatcherista é que, se fizesse isso, o governo central teria então de se responsabilizar pelo financiamento de determinadas atividades fornecidas pelos governos locais, como educação, o que, por sua vez, faria com que o governo central tivesse de elevar seus impostos — ou incorresse em maiores déficits.

Mas esta resposta simplesmente empurra a análise um passo adiante: por que então o governo Thatcher não estava preparado para cortar seus próprios gastos, já substancialmente inchados?  Claramente, a resposta é que os thatcheristas jamais acreditaram genuinamente em sua própria retórica.  Ou isso, ou eles não tiveram a coragem de levantar a questão.  Por esta e por várias outras razões, os gastos e as receitas do governo britânico chegaram ao fim do governo Thatcher sendo mais fartos do que nunca.
Infelizmente, o thatcherismo é muito similar ao reaganismo: retórica livre-mercadista mascarando um conteúdo estatizante.  Exceto pelas privatizações, o fardo estatal aumentou sob Thatcher.  A porcentagem de gastos e de receitas tributárias em relação ao PIB aumentou durante seu regime, e a inflação monetária nunca foi contida.  Compreensivelmente, o descontentamento básico com o governo aumentou, e o aumento dos impostos locais permitidos pelo "poll tax" foi apenas a gota d'água.  

Parece-me claro que um critério mínimo para que um regime receba a alcunha de "pró-livre mercado" seja o fato de ele cortar seus gastos totais, cortar impostos em geral e, consequentemente, reduzir suas receitas.  Além disso, é imprescindível que ele interrompa decisivamente sua própria criação inflacionária de dinheiro.  Mesmo por este certamente muito modesto padrão de medida, a administração Thatcher passou longe de ser digna de tal alcunha.  Por isso, Madame Thatcher mereceu seu destino final.
No entanto, há uma área da macroeconomia da qual certamente temos de lamentar a saída de Thatcher: ela era a única voz contra a criação de um Banco Central Europeu emitindo uma nova e única moeda europeia. [Veja sua reação à jocosa proposta de ela ser a presidente do BCE].  Infelizmente, e especialmente desde a demissão de seu conselheiro econômico, o monetarista Sir Alan Walters, Madame Thatcher não conseguiu apresentar um argumento convincente contra esta vindoura nova ordem mundial, limitando-se apenas a fazer sua oposição utilizando termos esquisitos, raivosos e fanfarrões, como 'a glória nacional britânica contra a subordinação à "Europa"'.  Ela, portanto, passou a ser vista apenas como uma tacanha obstrucionista antieuropeia contrária a uma aparentemente iluminada e beneficente "Europa unida".

O problema presente em praticamente todas as análises da Comunidade Europeia é a típica fusão que fazem entre estado e sociedade.  Socialmente e economicamente, à medida que, em teoria, a nova Europa será uma vasta área de livre comércio e livre investimento de capitais, esta nova ordem será benéfica: irá expandir a divisão do trabalho, a produtividade, e o padrão de vida de todas as nações participantes.  Mas, infelizmente, a essência da nova Europa não será sua área de livre comércio, mas sim uma monstruosa nova burocracia estatal, sediada em Estrasburgo e Bruxelas, a qual irá controlar, regular e "igualar" as alíquotas de impostos em todos os países, coercivamente impondo a elevação dos impostos naqueles países que possuem uma carga tributária mais baixa.

E o pior aspecto desta Europa unificada é exatamente aquela área na qual Madame Thatcher centrou sua artilharia: a moeda e o sistema bancário.  Embora os monetaristas estejam completamente errados em preferir uma Europa (ou um mundo) guiada por diferentes tipos de dinheiro de papel fragmentados em nível nacional em vez de um padrão-ouro internacional, eles estão corretos em alertar sobre os perigos deste novo esquema.  Pois o problema é que a nova moeda, obviamente, não será o ouro — que é uma moeda produzida no mercado e pelo mercado —, mas sim uma única moeda de papel, fiduciária e de curso forçado.  De modo que o resultado deste esquema neokeynesiano será um dinheiro fiduciário inerentemente inflacionista, cuja emissão será controlada monopolisticamente pelo Banco Central Europeu — isto é, por um novo governo regional.

Este arranjo, por sua vez, facilitar ainda mais para que os Bancos Centrais dos EUA, da Grã-Bretanha e do Japão colaborem e atuem coordenadamente com o novo Banco Central Europeu, e assim conduzam o mundo rapidamente para aquele velho sonho de Keynes: um Banco Central Mundial emitindo uma única moeda de papel, de aceitação obrigatória para todos os países.  E assim estaremos definitivamente sem ter para onde fugir, com o dinheiro e a macroeconomia mundial estando totalmente à mercê de uma inflação em escala mundial, controlada centralmente por iluminados e autoproclamados mestres keynesianos.

É de se lamentar que Margaret Thatcher não tenha sabido articular sua oposição à nova ordem monetária europeia em tais termos.  É de se lamentar também que sua retórica pró-livre mercado não tenha sido efetivamente colocada em prática.  No final, a história julgará corretamente seu governo e seus feitos."

sábado, 25 de fevereiro de 2012

podcast com narloch

no instituto mises brasil. primeira pergunta é sobre mises e as palestras dos "seis lições"

Order Defined in the Process of Its Emergence

|Peter Boettke|

I want to argue that the "order" of the market emerges only from the process of voluntary exchange among the participating individuals. The "order" is, itself, defined as the outcome of the process that generates it. The "it," the allocation-distribution result, does not, and cannot, exist independently of the trading process. Absent this process, there is and can be no "order."

What, then, does Barry mean (and others who make similar statements), when the order generated by market interaction is made comparable to that order which might emerge from an omniscient, designing single mind? If pushed on this question, economists would say that if the designer could somehow know the utility functions of all participants, along with the constraints, such a mind could, by fiat, duplicate precisely the results that would emerge from the process of market adjustment. By implication, individuals are presumed to carry around with them fully determined utility functions, and, in the market, they act always to maximize utilities subject to the constraints they confront. As I have noted elsewhere, however, in this presumed setting, there is no genuine choice behavior on the part of anyone. In this model of market process, the relative efficiency of institutional arrangements allowing for spontaneous adjustment stems solely from the informational aspects.
This emphasis is misleading. Individuals do not act so as to maximize utilities described in independently existing functions. They confront genuine choices, and the sequence of decisions taken may be conceptualized, ex post (after the choices), in terms of "as if" functions that are maximized. But these "as if" functions are, themselves, generated in the choosing process, not separately from such process. If viewed in this perspective, there is no means by which even the most idealized omniscient designer could duplicate the results of voluntary interchange. The potential participants do not know until they enter the process what their own choices will be. From this it follows that it is logically impossible for an omniscient designer to know, unless, of course, we are to preclude individual freedom of will.

The point I seek to make in this note is at the same time simple and subtle. It reduces to the distinction between end-state and process criteria, between consequentialist and nonconsequentialist, teleological and deontological principles. Although they may not agree with my argument, philosophers should recognize and understand the distinction more readily than economists. In economics, even among many of those who remain strong advocates of market and market-like organization, the "efficiency" that such market arrangements produce is independently conceptualized. Market arrangements then become "means," which may or may not be relatively best. Until and unless this teleological element is fully exorcised from basic economic theory, economists are likely to remain confused and their discourse confusing.
Explaining the spontaneous order of the market economy is one of the primary tasks of the economist according to Buchanan.  But so few economists really understand the implications of the basic Smithian insight about the "invisible hand".  This disjoint between what is really valuable about the science of economics conceived of as a public science, and what modern economists know and do, is one of the sources for the intellectual edge one can sense when studying the works of James Buchanan.  Too few economists understand basic economics as Buchanan pointed out in such classic works as Public Principles of Public Debt (1962), Cost and Choice (1969) and in the essays that comprised What Should Economists Do? (1979).
Russ Roberts is one economist who understands basic economics and strives to rid our professional and public discourse of confusion over these basic issues.  Recently he gave a lecture on "The Deepest Thing We Know."

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

rothbard, an austrian perspective on the history of economic tought, Volume1

[2.2] Early Christian attitudes towards merchants

Roman law was not the only influence on economic ideas in the Middle Ages. Ambivalent attitudes in the early Christian tradition also proved highly important. Economic matters were of course scarcely central to either the Old or New Testament, and scattered economic pronouncements are contradictory or subject to ambivalent interpretation. Fulminations against excessive love of money do not necessarily imply hostility to commerce or wealth. One remarkable aspect of the Old Testament, however, is its repeated, almost pre-Calvinist, extolling of work for its own sake. In contrast to the contemptuous attitude toward labour of the Greek philosophers, the Old Testament is filled with exhortations in favour of work: from the 'be fruitful and multiply' of Genesis to 'Enjoy life in your toil at which you toil under the sun' of Ecclesiastes. Oddly, these calls to labour are often accompanied by admonitions against the accumulation of wealth. Later, in the second century BC, the Hebrew scribe who wrote the Apocryphal book Ecclesiasticus goes so far as to extol labour as a sacred calling. Manual workers, he writes, 'keep stable the fabric of the world, and their prayer is in the practice of their trade'. Yet the pursuit of money is condemned, and merchants are habitually treated with deep suspicion: 'A merchant can hardly keep from wrong doing, and a tradesman will not be declared innocent of sin'. And yet, in the same book of Ecclesiasticus, the reader is instructed not to be ashamed of profit or success in business.

The attitude of the early Christians, including Jesus and the Apostles, toward work and trade was coloured by their intense expectation of the imminent end of the world and of the coming of the Kingdom of God. Obviously, if one expects the impending end of the world, one is inclined to have little patience for such activities as investing or accumulating wealth; rather the tendency is to act as the lilies of the field, to follow Jesus, and forget about mundane matters. It was in this context that we must understand St Paul's famous 'the love of money is the root of all evil.' By approximately 100 AD, however, the books of the New Testament written by St John make it clear that the Christian Church had abandoned the idea of the imminent end of the world. But the Hellenistic and the Gospel heritage fused to lead the early Church Fathers into a retreatist view of the world and its economic activities, combined with fulminations against wealth and merchants who tend to amass such wealth. The Church Fathers railed against mercantile activities as necessarily stamped with the sin of greed, and as almost always accompanied by deceit and fraud. Leading the parade was the mystical and apocalyptic Tertullian (160-240), a prominent Carthaginian lawyer who converted late in life to Christianity and eventually formed his own heretical sect. To Tertullian, attack on merchants and money-making was part and parcel of a general philippic against the secular world, which he expected at any moment to founder on the shoals of excess population, so that the earth would soon suffer from 'epidemics, famines, wars, and the earth's opening to swallow whole cities' as a grisly solution to the overpopulation problem.

Two centuries later, the fiery St Jerome (c.340-420), educated in Rome but also influenced by the eastern Fathers, took up the theme, proclaiming the fallacy that in trade, one man's gain must be achieved by means of the other man's loss: 'All riches come from iniquity, and unless one has lost, another cannot gain. Hence that common opinion seems to me to be very true, 'the rich man is unjust, or the heir of an unjust one". And yet there was another, contradictory strain even in Jerome, who also declared that 'A wise man with riches has greater glory than one who is wise only', for he can accomplish more good things; 'wealth is not an obstacle to the rich man who uses it well'.

Probably the most intelligent attitude toward wealth and money-making among the early Church Fathers was that of the Athenian-born eastern Father Clement of Alexandria (c.150-215). While Clement counselled that property be used for the good of the community, he endorsed private property and the accumulation of wealth. He attacked as foolish the ascetic ideal of divesting oneself of one's possessions. As Clement wisely put it, employing a natural law theme:

We must not cast away riches which can benefit our neighbor. Possessions were made to be possessed; goods are called goods because they do good, and they have been provided by God for the good of men: they are at hand and serve as the material, the instruments for a good use in the hand of him who knows how to use them.


Clement also took a hard-nosed attitude toward the rootless poor. If living without possessions was so desirable, he pointed out, then that whole swarm of proletarians, derelicts and beggars who live from hand to mouth, all those wretched cast out upon the streets, though they live in ignorance of God and of his justice, would be the most blessed and the most religious and the only candidates for eternal life simply because they are penniless ... 

The early Church Fathers culminated in the great Saint Augustine (354430) who,Iiving at the time of the sack of Rome in 410 and of the collapse of the Roman Empire, had to look ahead to a post-ancient world which he was greatly to influence. Born in Numidia in Africa, Aurelius Augustinus was educated in Carthage, and became a professor of rhetoric in Milan. Baptized a Christian at the age of 32, St Augustine became bishop of Hippo in his native North Africa. The Roman Empire under Constantine had embraced Christianity a century earlier, and Augustine wrote his great work, The City of God, as a rebuttal to the charge that the embrace of Christianity had resulted in the fall of Rome.

Augustine's economic views were scattered throughout The City of God and his other highly influential writings. But he definitely, and presumably independently of Aristotle, arrived at the view that people's payments for goods, the valuation they placed on them, was determined by their own needs rather than by any more objective criterion or by their rank in the order of nature. This was at least the basis of the later Austrian theory of subjective value. He also pointed out that it was the common desire of all men to buy cheap and to sell dear.

Furthermore, Augustine was the first Church Father to have a positive attitude towards the role of the merchant. Rebutting the common patristic charges against the merchants, Augustine pointed out that they perform a beneficial service by transporting goods over great distances and selling them to the consumer. Since, according to Christian principle, 'the labourer is worthy of his hire', then the merchant too deserved compensation for his activities and labour. To the common charge of endemic deceit and fraud in the mercantile trades, Augustine cogently replied that any such lies and perjuries were the fault not of the trade but of the trader himself. Such sins originated in the iniquity of the person, not in his occupation. After all, Augustine pointed out, shoemakers and farmers are also capable of lies and perjuries, and yet the Church Fathers had not condemned their occupations as being per se evil. Clearing the merchants of the stain of inherent evil proved enormously influential in the following centuries, and was quoted time and again in the flowering of Christian thought in the twelfth and thirteenth centuries. A less tangible but still important contribution to social thought was St Augustine's recasting of the ancient world's view of the human personality. To the Greek philosophers, the individual personality was to be moulded to conform to the needs and desires of the polis. Dictation by the polis necessarily meant a static· society, with discouragement directed towards any innovating entrepreneurs trying to break out of the contemporary mould. But St Augustine's stress was on the individual's personality unfolding itself and therefore progressing over time. Hence Augustine's profound emphasis on the individual at least set the stage indirectly for an attitude favourable to innovation, economic growth and development. That aspect of Augustine's thought, however, was not really stressed by the thirteenth century Christian theologians and philosophers who built on Augustine's thought. It is ironic that the man who set the stage for optimism and a theory of human progress should, on his death-bed, find the barbarian hordes besieging his beloved city of Hippo.

If St Augustine looked benignly on the role of the merchant, he was also favourable, though not as warmly, towards the social role of rulers of state. On the one hand, Augustine took up and expanded Cicero's parable demonstrating that Alexander the Great was simply a pirate writ large, and that the state is nothing but a large-scale and settled robber band. In his famous City ofGod, Augustine asks:

And so if justice is left out, what are kingdoms except great robber bands? For what are robber bands except little kingdoms? The band also is a group of men governed by the orders of a leader, bound by a social compact, and its booty is divided according to a law agreed upon. If by repeatedly adding desperate men this plague grows to the point where it holds territory and establishes a fixed seat, seizes cities and subdues people, then it more conspicuously assumes the name of kingdom, and this name is now openly granted to it, not for any subtraction of cupidity, but by addition of impunity. For it was an elegant and true reply that was made to Alexander the Great by a certain pirate whom he had captured. When the king asked him what he was thinking of, that he should molest the sea, he said with defiant independence: 'The same as you when you molest the world! Since I do this with a little ship I am called a pirate. You do it with a great fleet and are called emperor'. 

Yet Augustine ends by approving the role of the state, even though it is a robber band on a large scale. For while he stressed the individual rather than the polis, in pre-Calvinist fashion Augustine emphasized the wickedness and depravity of man. In this fallen, wicked and sinful world, state rule, though unpleasant and coercive, becomes necessary. Hence, Augustine supported the forcible crushing by the Christian Church in North Africa of the Donatist heresy, which indeed believed, in contrast to Augustine, that all kings were necessarily evil.

The likening of the head of state to a large-scale brigand, however, was resurrected in its original anti-state context by the great Pope Gregory VII, in the course of his struggle with the kings of Europe over his Gregorian reforms in the late eleventh century. This strain of bitter anti-statism, then, emerges from time to time in the early Christian era and in the Middle Ages.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

GUIDO MANTEGA, jênyo do mal

Istoé Dinheiro: "Os preços não cairiam mais para o consumidor se o mercado fosse livre?"

JENYO DO MAU: "se o mercado fosse livre, iria acabar com a indústria nacional. Só haveria produção na China, na Coreia, e o Brasil se tornaria só um grande importador. Voltaríamos ao Brasil da Primeira República."

Leandro Roque, do Instituto Mises Brasil: "De acordo com o preclaro, livre mercado gera produção na Coréia e na China, mas não no Brasil.  Por quê?  Por que a Coréia ganha com um livre mercado e nós perdemos? Sei que existe a desculpa de os salários da China serem baixos e as condições de trabalho serem ruins, e não queremos concorrer nesses termos; mas e a Coréia?  Será que Mantega também acha que os salários coreanos são baixos e as condições de trabalho igualmente insalubres?  Ninguém percebeu, mas o ministro simplesmente nos chamou de incompetentes e frouxos.  Segundo ele, se tivermos de concorrer, trabalhar duro e apresentar produtos bons e eficientes, vamos apanhar feio dos asiáticos, pois não temos capacidade nem intelectual e nem produtiva, e muito menos disposição para o trabalho duro, de modo que eles são muito melhores do que nós em todos estes quesitos.  Logo, a melhor coisa a fazer é nos fecharmos covardemente em relação a eles.  Se formos para o mano a mano, isto "iria acabar com a indústria nacional".

O que acaba com a indústria nacional, ministro, não é a livre concorrência, mas sim:
1) a carga tributária — IRPJ de 15%, mais uma sobretaxa de 10% sobre o lucro que ultrapassa um determinado valor, mais CSLL de 9%, mais PIS de 1,65%, e mais COFINS de 7,6%;

2) a inflação monetária — que, ao aumentar artificialmente os lucros das empresas, faz com que o volume de impostos que elas têm de pagar aumente na mesma proporção, o que exaure seus recursos.  Simultaneamente, a inflação monetária também encarece os preços dos bens de capital (máquinas) e das peças de reposição do maquinário.  Ao final, a empresa, além de ter menos recursos (os quais foram confiscados pelos impostos), tem de adquirir bens de capital e peças de reposição a preços maiores, o que significa que houve uma redução na sua capacidade de investimento.  A inflação, portanto, gera um consumo de capital das empresas.

3) a burocracia;

4) as regulamentações restritivas;

5) o movimento ambientalista;

6) os encargos trabalhistas e sociais;

7) os sindicatos.

A livre concorrência, ao contrário, fortalece uma indústria.  Mantega deve ser daqueles que, ao ver um restaurante sendo inaugurado em frente a outro restaurante concorrente, pensa assim: "Puxa, os serviços vão piorar!" 

Mas, que ao menos fique registrado: ninguém menos que Guido Mantega admite não haver livre mercado no Brasil.  Logo, quando a próxima recessão vier, não vale dizer que a culpa é do mercado.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

DESCULPEM A CAIXA ALTA DESCONTROLADA [com trollada]

Talvez o fidalgo que repliquei no último postado esteja, em verdade, somente desgostoso com o carnaval pausterizado, que cada vez mais perde sua loucura. Concordo que há toda uma indústria Carnavalesca, Pão e Circo, essas coisas [mas não acho ruim, adianto], mas dizer que isso resume o carnaval, que o pobre de antigamente [á, os bons e velhos tempos de vovó...] era mais autêntico - e que o de hoje -corrompido pelo capitalismo, coitado -  parece estar fadado a se entregar à loucura da Sapucaí ou do Barra-Ondina, meu caro, uma sugestão: leia menos autores [metidos a intelectuais] marxistas e procure viver um pouco mais o mundo que te arrodeia.

Ao que sei, o colega mora nas Alagoas, portanto o que não falta é gente animada a se divertir por conta própria, sem precisar de decretos, baseados apenas em tradições ou em maluquices carnavalescas [e sabemos que quaisquer cinco minutos fazem uma folia "tradicional" por estas plagas. Aliás, "maluquice carnavalesca" não seria uma redundância?]. Ou seja, por mais que o discurso fique bonitinho em tese, não se encaixa na prática: nosso povão alagoano fica encachaçado, louco, eufórico, Dionisíaco no Carnaval.

Como aludi no título passado, expôs o nobre conterrâneo descontentamento com o carnaval, mas pelos motivos errados. E ainda aí, na escolha dos motivos errados, conseguiu ferir à lógica. O envolvimento de prefeituras "ajudando" empresas particulares com o dinheiro arrecadado de TODOS é errado, sim, mas não é esse o ponto principal que o colega ataca, claro, ele é fiel ao atual Estado [com E maísculo, como em Estado Forte] em que se encontram nossas Ciências Humanas em Universidades Públicas: dominado pelo viés sub-reptício esquerdista: o problema está, sempre, em fazer dinheiro com o Carnaval BurguÊs.

Vejam bem, se empresas subornam a Prefeitura para excluir concorrentes da produção carnavalesca [ou se o lobby vai mais além, como parece] a função mesma do empreendedor que quer alcançar o maior número possível de pessoas em livre acordo não está errada. O erro começa quando um empreendedor resolve EXCLUIR [com uma mãozinha da proteção governamental] outros da concorrência, além de prejudicando diretamente aos concorrentes, a prejudicar TODO O RESTO da massa mômica que quer, afinal, achar um lugar para se divertir - e trocar o dinheiro obtido com o trabalho nos meses anteriores por isso, ué. A vida tem que ser dura sempre? Não, né?, como ele mesmo bem coloca na parte clichê da tal da "inversão dos valores". Quer ajudar o pobre? Não é fodendo os burgueses, é TORNANDO-O UM BURGUÊS. Está na cara e ele não vê!

E em vez de ver a sujeira no Estado, que inverte sua função de proteger o bem GERAL e passa a proteger particulares que pretendem PREJUDICAR o livre gôzo alheio - como sói- , vê a sujeira na sociedade consumista/aburguesada. Vê bem: se a busca por uma vida menos dura [ou mais amena] é um  que esquerdistas, como SUPOSTOS defensores dos pobres, almejam para a sociedade, então, CONSUMIR*, por si só, não pode ser errado de saída. Aburguesemo-nos, já disse.

Enfim, uma pena que esquerdistas tenham tanta vontade de ajudar e só remem pro lado errado.


*Atenção, não sou Keynesianista

Tema de hoje: escolha um motivo errado para não gostar do Carnaval e discorra sobre

"É bem verdade que o Carnaval brasileiro a muito perdeu sua essência entrudística, mais uma herança portuguesa, para tornar-se referência maior do entretenimento não só dentro do país, como no mundo. É correto afirmar também que o evento que marca a inversão de papéis sociais e elege a loucura como sua única lei soberana perdeu também a muito suas características periféricas, aquelas que colocavam o Carnaval no calendário ao lado das festividades da Páscoa, do Dia dos Namorados, das festas juninas, do Natal etc. (ou seja, dos momentos excepcionais que fogem a realidade brasileirística) para assumir um dimensionamento impressionante e um posto nuclear no que se refere a personalidade nacional. Personalidade essa que, junto ao futebol, marca o imprescindível perfil verde e amarelo que, por sinal, é muito bom para os negócios (e, com isso, eu acabo com todo o suspense e já lhes antecipo a resposta para a questão seguinte). No entanto, é preciso questionar o curso histórico através de uma visão retrospectiva que auxilie num olhar mais apurado dos fatos em questão, ou seja, equivalendo a uma única pergunta que é central nessa investida perceptiva: o Carnaval brasileiro é bom para quem?
Caros leitores. Não quero me condicionar com essas breves observações a um papel de vilão do Carnaval que se aproxima. Muito menos ser hipócrita, pois eu também já consumi desse produto que torna a vida brasileira mais colorida, mais festiva, que retarda o início do ano e, portanto, das obrigações. Um produto que nos renova, que recria o sentimento de unidade e nos reserva grandes doses de paixão nacional, de orgulho de ser brasileiro, assim como nos breves dias de Copa do Mundo também o fazem. Mas quero sim debater com os companheiros que utilizam este blog como alimento em conteúdo, promovendo algumas subquestões que nascem da primeira questão aqui anteriormente citada, trazendo-lhes mais ferramentas para incitá-los a pensar do que propriamente respostas para as suas dúvidas.
O estudioso Roberto DaMatta se impressionou ao ver no Carnaval brasileiro um potencial enigmático e extraordinário. Segundo ele, seria possível afirmar categoricamente que o Carnaval era a única festa verdadeiramente do povo, onde não haviam centralidades estrategicamente transplantadas a festa para perpetuar a liberdade de poder e dominação da tirana burguesia, onde não se fazia presente (ao menos durante a festa) qualquer sopro de continuidade das hierarquias, onde a lei da inversão dos papéis jogava de forma inédita a favor do povo e suas vontades. Na história mais recente do Carnaval, é básica a noção de que cada indivíduo (especialmente os das classes mais baixas), durante a festa, tem o direito de se fantasiar, escolhendo assim aquele papel que gostaria de desempenhar perante a sociedade, como: médico, advogado, estrela de outros entretenimentos idolatrados, seja no cinema, no futebol, na música, etc. Nada impediria este indivíduo de expressar suas vontades. Num lugar onde a lei é não ter lei, as brincadeiras podem envolver melanças (prática comum do entrudo popular clássico), constantes críticas a situação política da nação ou de algumas regiões, o sagrado e o profano, dentre outros temas recorrentes.  Portanto, a posição defendida por DaMatta e recontada posteriormente em inúmeros resumos sobre a história da festa pode ser presenciada cada vez que o Carnaval se aproxima das suas raízes entrudísticas e se deleita na meladeira sem fim dos rostos e corpos de todas as idades, seguindo pelas ruas de forma desordenada, contaminando com banhos de loucura os primeiros que percebem nas ruas, ao som de bandinhas improvisadas que entoam frevos rapidamente ensaiados, pernambucanizando até a Bahia e o Rio de Janeiro, rainha e rei da festa, respectivamente.
Do outro lado dessa condição, está a instituição Carnaval. Aquela que se apoderou da cultura exótica dos povos portugueses, italianos, franceses, mesclando propositadamente a extravagante composição da festa em um comércio de proporções alarmantes. A indústria carnavalizou-se. O Carnaval industrializou-se (o trio elétrico foi a primeira prova disso). Nestes dias que não deveriam ser planejados, grandes esquemas são montados para: a comercialização de bebidas, que gera lucros de milhões para as indústrias no segmento, tornando nossa sociedade cada vez mais dicotômica (de um lado, as campanhas sobre a conscientização do consumo de álcool; de outro, a pandemia que causa a venda desregrada das bebidas); a comercialização das drogas; a comercialização do sexo; a comercialização até do sentimento de inclusão carnavalesca (com a venda de abadás em alto custo, equivalente a um ingresso para o acesso a festa), ou seja, limitando o folião ao consumo de uma festa “melhor” que as algazarras de rua. Por trás destes fatores de compra e venda, existem os grandes líderes e interessados na comercialização de pacotes turísticos que “vendem” a cultura dos Estados, que injetam dinheiro dificilmente utilizado na manutenção da saúde, segurança, moradia de qualidade, dentre outros princípios básicos para o bem estar social. A premissa pode ser simples, mas é infalível: para a injeção de recursos em entretenimentos, é primordial que se garantam inicialmente o suprimento das necessidades primárias da população.
O Carnaval de Salvador, por exemplo, registrado no Guiness Book como a maior festa popular do mundo, também bate recordes quanto ao investimento na festa (uma tática governamental – mas também privada – prevista e utilizada pelo governo do Rio de Janeiro a partir de 1855, com o nascimento das chamadas Sociedades Carnavalescas que já emitiam regras para a participação dos foliões). O Governo da Bahia juntou-se as empresas financiadoras para promover uma transmissão da festa a mais de 180 países. Só em 2008, os investimentos chegaram em torno de R$40 milhões nas áreas de segurança, saúde, turismo e cultura para a recepção de qualidade dos turistas (só lembrando que, atualmente, o Estado vive maus momentos com a greve de militares que, por consequência, ocasionou um significativo e catastrófico aumento nos roubos e assassinatos). Para que serviria ostentar uma das maiores festas do mundo se o retorno (ao menos vistos nos dados estatísticos divulgados) não é devidamente repassado as áreas mais problemáticas da nação, como saúde, educação, segurança? Qual o propósito do investimento repentino em algumas destas áreas quando a data carnavalesca se aproxima? Seria “varrer a poeira pra debaixo do tapete”? Todas são subquestões que se destrincham a partir da nossa questão central: sendo assim, o Carnaval brasileiro é bom pra quem?
Como se não bastasse, o Deputado Federal ACM Neto (DEM-BA) divulgou um dado tanto quanto inusitado: “Parece inacreditável, mas é verdade. O governo da Bahia, que abandonou o Estado, que está matando o Pelourinho e outros pontos turísticos de Salvador, está investindo R$ 12 milhões no Carnaval das milionárias escolas de samba do Rio de Janeiro. Temos de denunciar este absurdo. Quero saber, centavo por centavo, como esta verba está sendo investida, quais as escolas beneficiadas com o nosso dinheiro. Vou solicitar ajuda ao Ministério Público também…” (ACM Neto).
O Carnaval do povo, não é mais do povo. Mas isso não deve ser mais surpresa pra ninguém. As liberdades carnavalescas foram transpostas por regras rígidas de participação, amparadas por esquemas institucionais cada vez mais fortes e organizados. Espetáculos programados em benefício de quem? Das grandes indústrias. No Carnaval, não se consome mais o imaginário mundo louco. O consumo agora é estritamente capitalista e nada utópico. Olhando por esse lado, os rituais que brotavam das comunidades, os bloquinhos de rua, parecem bem mais agradáveis. A liberdade de expressão da grata loucura se desfez, dando lugar a mais uma relação de compra e venda. O que era excepcional e transcendental, hoje não passa de mais um reflexo da vida cotidiana. "

hayek [em "the constitution of liberty"]

"If we look once more at the elementary contrast between freedom
and slavery, we see clearly that the negative character of
freedom in no way diminishes its value. We have already mentioned
that the sense in which we use the word is its oldest meaning.
It will help to fix this meaning if we glance at the actual difference
that distinguished the position of a free man from that
of a slave. We know much about this so far as the conditions in .
the oldest of free communities - the cities of ancient Greece - are
concerned. The numerous decrees for the freeing of slaves that
have been found give us a clear picture of the essentials. There
were four rights which the attainment of freedom regularly conferred.
The manumission decrees normally gave the former slave,
first, "legal 'status as a protected member of the community";
second, "immunity from arbitrary arrest"; third, the "right to
work at whatever he desires to do"; and,' fourth, "the right to
movement according to his own choice."

This list contains most of what in the eighteenth and nineteenth
centuries were regarded as the essential conditions of freedom. It
omits the right to own property only because EVEN THE SLAVE COULD DO SO.
With the addition of this right, it contains all the elements
required to protect an individual against coercion"

rothbard

[conceived in liberty, volume 1, páginas 28, 29 e 30]


Esse tal "pattern of Spanish colonization" foi um achado. Acho que vou comprar o livro do narloch para "pesquisar" a respeito.

The pattern of Spanish colonization was based upon conditions in
Spain in the late Middle Ages. In contrast to Europe generally, where
aggressions against non-European territories had been checked by the
growth of Turkish power, the Spanish and the English could still pursue the
conquest of lands and peoples against the Spanish Arabs of Granada and
the Celts of Ireland. Thus, the two major land-conquering and colonizing
powers, Spain and England, preceded their respective transatlantic conquests
by the conquest of neighboring peoples—the Moors of Granada
by Spain in the late fifteenth century, and the Irish by the English,
particularly during the sixteenth century. In these aggressions both the
Spanish and the English not only acquired the skills and appetites for further
violence, but also established the attitudes and policies to be
applied to alien peoples through conquest, extermination, or enslavement.

Due to geographical and political conditions, Spain retained the military
spirit of feudalism for a longer time than other European
countries. The arid climate and the frontier wars with the Muslims
caused the Spanish ruling class to remain essentially horsemen, who in
place of agriculture emphasized sheep and cattle farming, occupations in
which horsemen could be utilized and trained for war. This style of life had
a profound influence on Spanish colonization. The Christian and Muslim
farmers conquered by the Spanish nobles were kept in feudal serfdom to
provide foodstuffs for the ruling class, to whom their villages had been
granted. This feudal system, which had been imposed on the conquered
lands of Granada and the Canary Islands, was then applied to the larger
islands of the West Indies and later to Mexico, Venezuela, and Peru.
The native villages were granted to Spanish conquistadores, who were
to govern them so as to live upon the work of the natives. The hapless
natives were compelled to provide food, cotton, and forced labor for building
the great cities where the Spanish lived and from which they governed,
and to work for large mining operations of the Spaniards. Alongside
the agriculture of the Indians, the conquistadores developed the raising
of sheep, cattle, horses, and mules to provide profits for themselves as well
as work and plentiful meat for their keepers. Generally the Spanish
colonists did not pursue productive work; instead they entered government
and privileged occupations, in which to live from the work of the natives
whom they enslaved.

Continuando, Rothbard fala sobre aa honrada posição do Escolásticos sobre o tema [coisa de 500 anos atrás negada! PUTAQUEOSPARIU!! Pois é, seriam "inocentes" os pacifistas escolásticos?, fica a pergunta, inclusive a OLAVÃO. Anyway, embora a POLÍTICA tenha [sempre tem] vencido, há - sempre -  muito a aprender com os Escolásticos]:

The right to conquer, coercively convert, govern, and enslave the
natives of the New World was subjected to intense criticism in a series
of lectures in 1539 at the University of Salamanca by the great Dominican
scholastic philosopher Francisco de Vitoria. In international law based
upon the natural law, insisted Vitoria, the native peoples as well as
European peoples have full equality of rights. No right of conquest by Europeans
could result from crimes or errors of the natives, whether they
be tyranny, murder, religious differences, or rejection of Christianity.
Having grave doubts of the right of the Spaniards to any government of
the natives, Vitoria advocated peaceful trade, in justice and in practice,
as against conquest, enslavement, and political power, whether or not
the last mentioned were aimed at individual profit, tax revenue, or
conversion to Christianity. Although the Spanish government prohibited
further discussion of these questions, the Vitoria lectures influenced the
New Laws of 1542, which gave greater legal protection to the natives
in America.

Nevertheless, there were defenders of imperialism in Spain who
rejected international law and scholastic individualism and returned
to the slave theories of the classical authors. Based on the theory of natural
servitude—that the majority of mankind is inferior and must be
subdued to government by the ruling class, of course in the interest of
that majority—these imperial apologists proposed that the natives be
taught better morals, be converted, and be introduced to the blessings
of economic development by being divided among the conquistadores,
for whom they must labor.

The serfdom of the Indians was most strongly and zealously opposed
by the Dominican missionary Bishop Bartolome de Las Casas. Tireless
in working to influence European public opinion against the practices
of Spanish officials in America, Las Casas argued that all men must have
freedom so that reason, which naturally inclines men to live together
in peace, justice, and cooperation, can remain free and unhampered.
Therefore, concluded Las Casas, even pursuit of the great objective of
conversion to Christianity cannot be used to violate these rights. Not only
was all slavery evil, but the natives had a right to live independently of
European government. The papacy, in 1537, condemned as heretical the
concept that natives were not rational men or were naturally inferior
persons. These progressive views were also reflected in the abolition
of conquistador feudalism in the New Laws of 1542; however, this abolition
was revoked by the Spanish Crown three years later.

Political control of the Spanish colonies was first exercised by a committee
of the Council of Castile, and then from 1524 by the Council of the
Indies. In the New World, provincial governments were created, with
the two most important, Mexico and Peru, raised to status of viceroyalties.
Economic control of the colonies was vested in the Casa de Contratacion,
instituted in 1503 to license, supervise, and tax merchants,
goods, and ships engaged in trade in the New World. In 1508 a Bureau
of Pilots was established under the Casa which advised the Government
on maritime matters and supervised navigation and navigators; its first
chief pilot was Amerigo Vespucci. Sebastian Cabot held that office for
about thirty years, after transferring from English to Spanish service,
as England's maritime interests had shifted from exploration to the
development of a governmental navy.

mais uma historieta pró-mercado

simples assim [rothbard, traduzido pelo mises brasil]:
Cada ferrovia permitia os vagões de suas concorrentes em seus trilhos; elas se interconectavam entre si para benefício mútuo; as bitolas das diferentes ferrovias foram reajustadas para se tornarem uniforme; e classificações uniformes de cargas regionais foram implementadas para 6.000 itens. E tem mais: foram as empresas ferroviárias, e não o governo, que tomaram a iniciativa de consolidar a mixórdia caótica e ingovernável de fusos horários que existiam até então. Para ter exatidão na programação e na tabela de horários, as empresas tiveram de se unir; e em 1883 elas concordaram em alterar os cinqüenta e quatro fusos horários dos EUA para apenas os quatro que prevalecem até hoje. Um jornal financeiro de Nova York, o Commercial and Financial Chronicle, exclamou que "as leis do comércio e o instinto de auto-preservação efetuaram reformas e melhorias que todos os corpos legislativos juntos não conseguiram realizar!"

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

10 mitos econômicos

[Escrito por rothbard, disponível no mises brazeel. O melhor deles, em minha opinião é o que segue]


"Importação de países onde a mão-de-obra é barata provoca desemprego nos Estados Unidos.
nikefactoryVietnam.jpg   
             Fábrica da Nike no Vietnã           

Um dos vários problemas com essa doutrina é que ela ignora a seguinte questão: por que os salários são baixos em um país estrangeiro, e altos nos Estados Unidos? Começa-se imaginando que esses salários já são determinados, e não se ataca a questão de por que eles são o que eles são. Basicamente, eles são altos nos EUA porque a produtividade do trabalho é alta — porque nos EUA os trabalhadores são ajudados por grandes quantidades de equipamentos tecnologicamente avançados. Os salários são baixos em muitos países estrangeiros porque os equipamentos são pequenos e tecnologicamente primitivos. Sem a ajuda de bens de capital avançados, a produtividade do trabalhador é bem menor do que nos EUA. Os salários em cada país são determinados pela produtividade dos trabalhadores naquele país. Assim, altos salários nos EUA não são uma ameaça fixa à prosperidade americana; eles são o resultado dessa prosperidade.
Mas o que dizer de certas indústrias nos EUA que reclamam barulhenta e cronicamente sobre a "injusta" competição de produtos de países com mão-de-obra barata? Aqui, devemos ter em mente que os salários em cada país são interconectados entre uma indústria — sua ocupação e região — e outra. Todos os trabalhadores competem entre si, e se os salários na indústria A são bem menores que em outras indústrias, os trabalhadores — liderados por jovens trabalhadores começando suas carreiras — iriam sair da indústria A, ou se recusar a ir pra ela, e se dirigir para outras empresas ou indústrias onde o salário é maior.
Dessa forma, os salários nessas indústrias que estão reclamando estão altos devido à competição de todas as outras indústrias nos EUA. Se as indústrias siderúrgicas ou têxteis nos EUA acham difícil competir com suas concorrentes estrangeiras, não é porque as indústrias estrangeiras estão pagando baixos salários, mas porque outras indústrias americanas forçaram para cima os salários americanos a um nível tão alto que as siderúrgicas e as têxteis não estão conseguindo pagar. Em resumo, o que realmente está acontecendo é que siderúrgicas, têxteis e outras firmas do tipo estão usando mão-de-obra ineficientemente em comparação às outras indústrias americanas. Tarifas ou cotas de importação para manter empresas ineficientes ou indústrias em operação são ruins para todo mundo — em cada país — que não está naquela indústria. Elas prejudicam todos os consumidores do país, pois mantêm os preços altos, a qualidade e a concorrência baixas, e distorcem a produção. Uma tarifa ou uma cota de importação é o equivalente a fatiar uma estrada de ferro ou destruir uma companhia aérea, já que a idéia é fazer com que o transporte internacional seja artificialmente caro.
Tarifas e cotas de importação também prejudicam outras indústrias eficientes, pois restringem recursos que de outra forma iriam para usos mais eficientes. E, no longo prazo, tarifas e cotas, como qualquer tipo de privilégio monopolista garantido pelo governo, não garantem lucros nem para as empresas que estão sendo protegidas e subsidiadas, pois, como já vimos nos casos das estradas de ferro e das companhias aéreas, indústrias que gozam de monopólios garantidos pelo governo (sejam através de tarifas ou regulamentações) acabam se tornando tão ineficiente que elas perdem dinheiro de qualquer jeito, e acabam limitadas a ficar somente clamando por mais e mais ajuda do governo, por uma proteção privilegiada, perpétua e sempre em expansão contra a livre concorrência."

sábado, 4 de fevereiro de 2012

DeSoto

"Bank A and Bank B, both of which have two options: either to refrain from expanding credit or to adopt a policy of credit expansion. If both banks simultaneously initiate credit expansion (assuming there are no other banks in the industry), the ability to issue new monetary units and fiduciary media will yield the same large profits to both. If either expands credit alone, its viability and solvency will be endangered by interbank clearing mechanisms, which will rapidly shift its reserves to the other bank if the first fails to suspend its credit expansion policy in time. Finally it is also possible that neither of the banks may expand and both may maintain a prudent policy of loan concession. In this case the survival of both is guaranteed, though their profits will be quite modest. It is clear that given the choices above, the two banks will face a strong temptation to arrive at an agreement and, to avoid the adverse consequences of acting independently, initiate a joint policy of credit expansion which will protect both from insolvency and guarantee handsome profits.

The above analysis extends to a large group of banks
which operate in a free-banking system and maintain a fractional
reserve. The analysis shows that under such circumstances,
even if interbank clearing mechanisms limit isolated
expansionary schemes, these spontaneous mechanisms actually
encourage implicit or explicit agreements between the
majority of banks to jointly initiate the process of expansion.
Thus in a fractional-reserve free-banking system, banks tend
to merge, bankers tend to arrive at implicit and explicit agreements
among themselves, and ultimately, a central bank tends
to emerge. Central banks generally appear as a result of
requests from private bankers themselves, who wish to institutionalize
joint credit expansion via a government agencydesigned to orchestrate and organize it. In this way, the “uncooperative”
behavior of a significant number of relatively more
prudent bankers is prevented from endangering the solvency
of the rest (those who are more “cheerful” in granting loans)."

[páginas 668 e 669]