domingo, 20 de novembro de 2011

Trecho do Volume I de A Revolta de Atlas (Fala de Francisco D'Anconia)

"... - Não entendo por que você fala em trapaça. Achei que você ia considerar uma tentativa sincera de pôr em prática o que todo mundo vive dizendo. Não est!ao sempre dizendo que o egoísmo é um mal? Fui totalmente altruísta em relação ao projeto de San Sebastián. Não é errado promover nossos próprios interesses? Eu não tinha nenhum interesse no projeto. Não é um mal almejar o lucro? Não trabalhei pensando em lucro e tive prejuízo. Todo mundo não diz que o objetivo e a justificativa dos empreendimentos industriais não são a produção, e sim o sustento dos funcionários? As minas de San Sebastián foram o empreendimento industrial mais bem-sucedido da história: não produziram nem um pouco de cobre, mas garantiram o sustento de milhares de homens que não teriam conseguido ganhar em todas suas vidas o que receberam em um dia de trabalho, em um dia em que, aliás, não puderam trabalhar. Não é geralmente aceito que um proprietário é um parasita explorador, que são os funcionários que fazem todo o trabalho e tornam possível a produção? Eu não explorei ninguém. Não incomodei ninguém nas minas com minha presença supérflua. Deixei-os nas mãos dos homens realmente importantes. Não fiz julgamentos de valor sobre a propriedade. Entreguei-a a um especialista em mineração. Não era um especialista muito bom, mas ele precisava muito do emprego. Não é geralmente aceito que, quando se contrata um funcionário o importante são as necessidades dele, não suas capacidades? Todo mundo não diz que, para obter produtos, basta ter necessidade deles? Eu coloquei em prática todos os preceitos morais de nossa época. Esperava gratidão e homenagens. Não entendo por que estou sendo atacado."

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