sábado, 29 de junho de 2013

A chefa e os sábios certificados pelo Inmetro: uma fábula do novo Brasil.


Num belo dia ensolarado, naquele país sul-americano conhecido como Canadá dos Trópicos, a chefa maior da nação resolveu reunir-se com os mais sábios entre os sábios de seu país. A nata dos diplomados e carimbados intelectuais, certificados pelo Cartório Federal de Avaliação da Sabedoreza do Ministério da Educação, os membros devidamente registrados no Conselho Federal de Intelectualidade, foram todos convocados para debater um problema que começava a incomodar a chefa. 

- Meus prezados conselheiros, peço que aceitem as minhas escusas desculposas e que me perdoem e não me queiram mal por havê-los tirado de vossos afazeres para vir até aqui aconselhar aquela que, mesmo sendo muito sábia, não pode prescindir da vossa colaboração. Sei o quantos ocês são tarefados (sic) e vivem enfurnados em suas pesquisas e projetos importantes. Mas teincácomigo que um tempindocês (dialeto de uma certa região do Canadá dos Trópicos) eu poderia requisitar para um probleminha que afeta a todos no Brasil.

- Que problema, chefa?

- É o seguinte, meus meninos e meninas brilhantes e pesquisantes, eu preciso da vossa colaboração para resolver um problema, um troçaquí que não tá nada bão. O nosso povo canadense anda danado de fazer reclamação das nossas estradas. Tem um baita monte de gente reclamando que as estradas estão cheias de buracos. E que o prejuízo com pneus furados e rodas empenadas está muito grande. O que eu quero é que os senhores, grandes professores, doutores e sabedores de várias coisas ocultas e difíceis aconselhem sua chefa sobre o que fazer a respeito.

- Está bem, chefa. Sua majestade terá as respostas que deseja. 

Durante alguns dias, a nata do pensamento do Canadá dos Trópicos refletiu sobre o assunto. Elaborou um relatório de 800 páginas sobre o problema. Um resumo foi apresentado a chefa da nação numa solenidade cercada de toda a pompa e com ampla cobertura da imprensa. 

O porta-voz dos intelectuais leu a conclusão do relatório de 800 páginas.

- Excelentíssima chefa da nação. É com grande prazer que comunicamos nossas conclusões a respeito do problema dos pneus furados. Após vários dias de intensos debates dialéticos e análises empíricas e alguma bruxaria, chegamos a uma conclusão que certamente irá solucionar os problemas dos caminhoneiros e viajantes do nosso país. Propomos que a senhora chefa da nação amplie o percentual do PIB destinado à pesquisa sobre rodas e pneus para sabermos o que há de errado com eles. Nosso país não pode ficar refém da ignorância e sofrer as consequências do uso de tecnologia ultrapassada. É preciso investir na promoção do conhecimento e na pesquisa. Destinar mais bolsas para formação de doutores, investir na inteligência desse país.

Satisfeitíssima com a solução dos sábios, a chefa da nação ordenou a seus vassalos que liberassem a grana. O Canadá Tropical não mais iria padecer com o problema da rodas e pneus. 

- Nunca antes na história desse país se investiu tanto na inteligência e na educação, disse a chefa. Valeu a pena!

E viveram felizes para sempre.

Nenhum comentário: