Istoé Dinheiro: "Os preços não cairiam mais para o consumidor se o mercado fosse livre?"
JENYO DO MAU: "se o mercado fosse livre, iria acabar com a indústria nacional. Só haveria produção na China, na Coreia, e o Brasil se tornaria só um grande importador. Voltaríamos ao Brasil da Primeira República."
Leandro Roque, do Instituto Mises Brasil: "De acordo com o preclaro, livre mercado gera produção na Coréia e na China, mas não no Brasil. Por quê? Por que a Coréia ganha com um livre mercado e nós perdemos? Sei que existe a desculpa de os salários da China serem baixos e as condições de trabalho serem ruins, e não queremos concorrer nesses termos; mas e a Coréia? Será que Mantega também acha que os salários coreanos são baixos e as condições de trabalho igualmente insalubres? Ninguém percebeu, mas o ministro simplesmente nos chamou de incompetentes e frouxos. Segundo ele, se tivermos de concorrer, trabalhar duro e apresentar produtos bons e eficientes, vamos apanhar feio dos asiáticos, pois não temos capacidade nem intelectual e nem produtiva, e muito menos disposição para o trabalho duro, de modo que eles são muito melhores do que nós em todos estes quesitos. Logo, a melhor coisa a fazer é nos fecharmos covardemente em relação a eles. Se formos para o mano a mano, isto "iria acabar com a indústria nacional".
O que acaba com a indústria nacional, ministro, não é a livre concorrência, mas sim:
1) a carga tributária — IRPJ de 15%, mais uma sobretaxa de 10% sobre o lucro que ultrapassa um determinado valor, mais CSLL de 9%, mais PIS de 1,65%, e mais COFINS de 7,6%;
2) a inflação monetária — que, ao aumentar artificialmente os lucros das empresas, faz com que o volume de impostos que elas têm de pagar aumente na mesma proporção, o que exaure seus recursos. Simultaneamente, a inflação monetária também encarece os preços dos bens de capital (máquinas) e das peças de reposição do maquinário. Ao final, a empresa, além de ter menos recursos (os quais foram confiscados pelos impostos), tem de adquirir bens de capital e peças de reposição a preços maiores, o que significa que houve uma redução na sua capacidade de investimento. A inflação, portanto, gera um consumo de capital das empresas.
3) a burocracia;
4) as regulamentações restritivas;
5) o movimento ambientalista;
6) os encargos trabalhistas e sociais;
7) os sindicatos.
A livre concorrência, ao contrário, fortalece uma indústria. Mantega deve ser daqueles que, ao ver um restaurante sendo inaugurado em frente a outro restaurante concorrente, pensa assim: "Puxa, os serviços vão piorar!"
Mas, que ao menos fique registrado: ninguém menos que Guido Mantega admite não haver livre mercado no Brasil. Logo, quando a próxima recessão vier, não vale dizer que a culpa é do mercado.
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