sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

O PRESIDENTE, O EXAME E A DESORDEM.

*Por Pedro Cabral

Vejam só, Amigos,
Nosso Presidente vem a público defender o EXO com unhas e dentes e para tanto invoca a velha falácia de que é esse exame que vai garantir a qualidade dos advogados no mercado...
Considero isso um acinte à inteligência das pessoas, um verdadeiro desrespeito à sociedade!
Primeiro, porque é mais do que sabido que, do ponto de vista pedagógico, provas e testes têm eficácia avaliativa extremamente limitada, além de, não raro, penalizarem quem está se submetendo a eles pelos erros e imperícias do próprio avaliador, que nem sempre é feliz na eleição do método ou dos critérios avaliativos.
Estou em sala de aula todos os dias, em contato direto com os jovens estudantes. Sua estrutura de raciocínio é outra, sua forma de pensar e encarar o mundo acompanha a mudança das relações sociais mediadas pela tecnologia e influenciada pelas hiperinformação.
Esses jovens, habilíssimos e totalmente adaptados ao novo ambiente global, estão sendo avaliados por pessoas que tiveram sua formação num tempo em que o máximo da tecnologia era a máquina de datilografia e a atualização didática era, na mais feliz das hipóteses, anual!
Esses jovens estão sendo avaliados por gente que mal sabe operar o próprio telefone celular!
E aí, quem é o incapaz?
Segundo, tal manifestação do Presidente é um desrespeito por querer fazer a sociedade crer que um exame, no começo da carreira, determinará a qualidade do advogado por toda a sua vida profissional, tal como se irradiasse seus efeitos (questionáveis) para o futuro de forma indeterminada.
A profissão de advogado, ele sabe bem, demanda habilidades e saberes para lá dos aferíveis em testes; demandam características pessoais e inteligência emocional que só o exercício da própria profissão é capaz de ensejar.
A pessoa não se transforma em advogado numa manhã de prova!
Terceiro, é acintosa a sua argumentação porque contraria o mínimo de bom senso, já que, segundo ele, o Presidente, a qualidade da advocacia seria atingida por meio da regulação do mercado educacional, da diminuição da concorrência entre as faculdades e da reserva de mercado da advocacia, o que é simplesmente absurdo!
Qualidade de serviço é uma categoria sob o domínio da economia, não está no campo de império das meras opiniões. Sei que ninguém tem obrigação de entender de economia, mas, se vai falar de algo sob o seu domínio, tem que ter a RESPONSABILIDADE MÍNIMA DE ESTUDAR SOBRE O ASSUNTO.
E não precisa ser experto na área para saber que o estímulo à qualidade e à inovação é tanto maior quanto maior for a concorrência e que políticas protecionistas acabam gerando distorções mercadológicas que desembocam na queda da qualidade de serviços e produtos (vide cases da indústria automobilística e da telefonia...).
Senhor Presidente,
Vamos parar de ignorar os verdadeiros fatores pertinentes à qualidade na advocacia.
Com a reserva de mercado imposta pelo aparato legal da OAB a qualidade sempre ficará em segundo plano e o mercado sempre será dominado pelos medalhões da política de classe.
A OAB parou na idade média, comporta-se como uma guilda monopolista e hermética que atende a interesses pessoais inconfessáveis.
Continuar dizendo que o exame de Ordem é instrumento da OAB no zelo da qualidade da advocacia a bem da sociedade; ou é cinismo de quem se aproveita da reserva de mercado; ou é arrogância daqueles que se julgam acima das outras pessoas pelo simples fato de possuir uma carteira da Ordem.
O EXO massacra nossos jovens e é instrumento do monopólio da profissão.
Ponhamos um fim nesta farsa que é o Exame de Ordem!

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