Nas
discussões entre liberais e conservadores, é comum, em relação ao
segundo grupo, indagações a respeito das posições de uma
sociedade libertária em meio a guerra. “E se empresas se juntarem
e decidirem criar seus próprios feudos dominando as propriedades
alheias através de exército privado”? “E se um estado não
libertário decide 'dominar' uma sociedade libertária”? “E se os
donos das agências de segurança privadas mais fortes e ricas decidem que
querem tomar uma parte de outras empresas”? Esses são argumentos
pertinentes em relação à problemas práticos que podemos encontrar
dentro do libertarianismo, e é sempre importante que, além da
teoria, sejam discutidos os contextos práticos de cada possível
realidade. Em relação aos questionamentos, algumas coisas precisam
ser definidas. Sim, essas são situações plausíveis dentro desse
contexto, quais respostas daríamos a elas?
Primeiro,
é importante salientar que esses exemplos dados podem ser utilizados
em qualquer contexto geopolítico. E se os 3 estados democráticos
mais ricos e bem armados decidissem conquistar um território? Soa
familiar, não? Esse tipo de fato é inevitável, e já aconteceu
diversas vezes na história da humanidade. A possibilidade de uma guerra nunca deixará de existir em qualquer que seja a organização social no mundo, mas, uma das diferenças
básicas entre as duas possíveis realidades é que podemos argumentar que numa sociedade libertária, será muito menor a possibilidade de que uma aconteça, e que dure. É importante destacar que a renda das
agências de segurança privadas(ideia de empresa defendida pela maioria dos libertários como alternativa ao modelo estatal de polícia) seria conquistada através de sua
eficiência. Qualquer ato duvidoso já representa uma perda de
lucro, pois toda a riqueza dela está à mercê dos desejos dos
consumidores, enquanto num estado a riqueza vem através da coerção,
através da expropriação indevida. Para que uma agência de
segurança cresça, ela, pelo menos inicialmente, deve apresentar um
serviço justo e eficaz, pois é assim que se dá o crescimento das empresas num contexto de puro livre mercado. Todo o seu crescimento estará à mercê do desejo dos consumidores, e então eles teriam duas opções, moldar-se à esses desejos ou falirem.
Guerras não seriam lucrativas para agências de segurança, considerando que, dentro da sociedade, não há uma demanda por guerra da parte dos consumidores em geral, mas há
quem acredite que para os estados essas possam ser sim lucrativas.
Notamos que hoje em dia, no nosso contexto mundial de estados nacionais, as guerras vêm sempre de desejos e ações dos estados, defendendo interesses próprios, que nunca refletem realmente os desejos do seu povo(ideia sempre levantada pelo senador republicano libertário Ron Paul, em questionamentos a respeito dos motivos que levam o estado americano a entrar em guerras com frequência). Como defendido pelo ilustríssimo professor Ubiratan Jorge Iorio, falando sobre a ideia de política externa que o senador libertário americano defende: "No plano da política externa, por exemplo, seus detratores o acusam de pacifismo, de um pacifismo que seria descabido diante das ameaças terroristas que apavoram o ocidente. A resposta é simples: há quantos anos os Estados Unidos vêm se metendo em guerras e mais guerras, que nada mais têm feito do que aumentar o ódio contra o país e fomentar as ações de extremistas terroristas? Quantas famílias americanas choram seus filhos mortos em combates em países remotos, a troco de nada, a não ser popularidade para políticos oportunistas? É uma questão essencialmente prática e ética, pois o povo americano está farto de guerras imorais lançadas deliberadamente sob falsos pretextos".
Notamos que hoje em dia, no nosso contexto mundial de estados nacionais, as guerras vêm sempre de desejos e ações dos estados, defendendo interesses próprios, que nunca refletem realmente os desejos do seu povo(ideia sempre levantada pelo senador republicano libertário Ron Paul, em questionamentos a respeito dos motivos que levam o estado americano a entrar em guerras com frequência). Como defendido pelo ilustríssimo professor Ubiratan Jorge Iorio, falando sobre a ideia de política externa que o senador libertário americano defende: "No plano da política externa, por exemplo, seus detratores o acusam de pacifismo, de um pacifismo que seria descabido diante das ameaças terroristas que apavoram o ocidente. A resposta é simples: há quantos anos os Estados Unidos vêm se metendo em guerras e mais guerras, que nada mais têm feito do que aumentar o ódio contra o país e fomentar as ações de extremistas terroristas? Quantas famílias americanas choram seus filhos mortos em combates em países remotos, a troco de nada, a não ser popularidade para políticos oportunistas? É uma questão essencialmente prática e ética, pois o povo americano está farto de guerras imorais lançadas deliberadamente sob falsos pretextos".
Além
disso tudo, imaginemos a influência das outras indústrias nesse
cenário geopolítico. A partir da guerra, podemos supor que apenas
um reduzido número de indústrias poderia lucrar com ela, como, por
exemplo, a indústria do armamento. Porém, o desejo desta não
sobrepõe as demandas de todo mercado. Guerras dão prejuízos.
Pessoas não comem sanduíches da mcdonalds em guerras, não bebem
coca-cola, não compram roupas, nem consomem muito, no geral, num
período de guerra. Seria comum um esforço coletivo para evitá-las,
afinal, o mercado, quase que por completo, não tem benefícios a
partir dela. Um exemplo claro disso é o que ocorre atualmente no
conflito Israel-Palestina. Na contramão dos atos estatais, os empresários locais desejam justamente a paz, visando uma harmonia que permita que o mercado se desenvolva com mais liberdade e que
haja mais lucro.
(http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/02/140217_campanha_empresarios_israelenses_gf_lgb.shtml)
Grupo, denominado BTI ('Rompendo o Impasse'), distribuiu cartazes por cidades |
Exemplos
como esse mostram a diferença da abordagem do estado e do mercado
numa situação de guerra. O mercado sempre busca maneiras
eficientes, que, com certeza, seriam muito mais eficientes do que as
existentes hoje em dia nos estados “democráticos”. Guerras dão
prejuízo para quase todo mundo. Dentro de um mundo em que o bom e
livre funcionamento do mercado é condição primária para o
crescimento e felicidade de todos, é praticamente impossível
acreditar que o desejo de guerra da indústria de armamentos consiga
se sobrepor a tudo isso. Os boicotes viriam de todos os lados e de
todas as indústrias que não quisessem ser prejudicadas.
Infelizmente, num contexto de sociedades com estados nacionais, esse
tipo de coisa se torna muito mais difícil.
Dentro
de nossa suposta sociedade anarcocapitalista, é nesse momento que
devemos esquecer um pouco o lado “anarco” e focar na parte
“capitalista”. Acreditamos que o melhor para a humanidade seja a
economia de mercado. Citando Mises: “O sistema em que a cooperação
dos indivíduos na divisão social do trabalho se dá pelo mercado”.
Algo que acredito que libertários e conservadores ao menos concordem
que seja mais eficiente. Não nego que todos esses problemas citados
anteriormente possam existir, e eles existiriam, como antes, em
qualquer contexto. Só
discordaríamos a respeito de sua solução e a respeito de qual
arranjo social seria mais eficiente em
evitá-los e impedí-los. Conservadores falam de defesa de
propriedade através do estado e nós de seguro e proteção privada
através de agências de segurança. Eles acreditam que, para evitar
esse tipo de coisa, um estado nacional é necessário, nós
acreditamos que tudo isso pode ser melhor evitado pelo arranjo do
mercado, que sempre focaria na eficiência e acharia soluções mais
criativas e mutuamente benéficas em qualquer
caso. O mercado inova, cria, aperfeiçoa tudo que existe nas relações
entre os seres humanos, exemplos disso não faltam todos os dias. Os
problemas sempre existirão, porém, o mercado apresenta soluções
mais eficientes e pacíficas, pois, ele atende às demandas com mais eficácia. Num arranjo social que se dá somente pela economia de
mercado, sabemos que tudo nem sempre poderá ser perfeito, mas com
certeza as soluções serão mais auspiciosas aos indivíduos em geral do que num sistema estatal. Isso tudo somente no contexto
utilitarista e pragmático da discussão, não seria necessário no
momento nem mesmo entrar no contexto moral em relação a existência ou não de um estado interventor.
É até absurdo dizer, numa discussão, que hoje eu poderia "propor
respostas de um sistema de mercado", até porque isso está além
da minha capacidade, só posso especular, já que o mercado criaria
soluções, na maioria das vezes, além das que eu e você poderíamos
imaginar. Mas mesmo assim, só no campo hipotético, as nossas
cabeças simples e individuais poderiam pensar em soluções melhores
do que as do estado. É estranho como alguns conservadores,
indivíduos que de alguma maneira, mesmo reduzida, acreditam na
eficiência do mercado, consigam aplicar essa ideia somente em alguns
poucos setores da sociedade. Imagine só o mercado correndo
livremente. Acho que nos surpreenderíamos bastante com os rumos que
nossa sociedade poderia tomar, como já é costume ao vermos as
inovações e aperfeiçoamentos criados por indivíduos livres no dia
a dia. Não seria tolice imaginar, em alguns anos milhares de
pequenas Liechsteins e Hong Kongs melhoradas espalhadas por aí. Não
há limites para o que a livre iniciativa pode desenvolver a partir
da genialidade do ser humano.
Utilização dos drones pelo setor privado: entregas em cinco minutos num raio de 1 quilômetro da padaria pela padaria Pão To Go. |
Referências:
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1207
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=3066279
http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/conheca-a-padaria-que-vai-usar-drone-para-entregar-paezinhos
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